A promotora Cristina Balceiro da Motta, do Ministério Público de Santa Catarina, ofereceu denúncia contra o caminhoneiro responsável por um dos acidentes de maior repercussão dos últimos tempos – o do caso em que o uma moto foi arrastada por mais de 30 quilômetros, e carregou o motoqueiro pendurado à porta do caminhão pelo mesmo trajeto.

O acidente ocorreu no quilômetro 106 da BR-101, no último dia 6 de março, em Penha, e o trajeto da moto arrastada estendeu-se até a cidade de Itapema. Na ocasião, faleceu Sandra Aparecida Pereira, 47 anos de idade, atropelada ao cair da moto em Penha. O esposo dela, Anderson Antônio Pereira, 49 anos, foi carregado pelo motorista pendurado na porta da cabine, após “escalar’ da grade do motor até chegar à porta.

O caminhoneiro, que levava uma carga de alumínio até o Rio Grande do Sul, responderá por homicídio com dolo eventual, pela morte de Sandra, e também por tentativa de homicídio triplamente qualificado do esposo Anderson. Ainda não há detalhes sobre a tramitação da denúncia no Judiciário, mas a denúncia do MP ocorreu em 10 de março.

A promotora levou em conta detalhes dos autos que informam que o motorista do caminhão estava sob efeito de cocaína e rebite, sem dormir por horas, e com essa postura, assumiu o risco de matar (o chamado dolo eventual). O motorista está preso em Itajaí. A alta velocidade do caminhão também foi citada pelo MP.

O drama do casal Pereira começou quando o caminhão atingiu a motocicleta na qual eles trafegavam ao retornar de Campo Alegre, na Serra Norte Catarinense. No quilômetro 106 da BR-101, região de São Cristóvão e São Nicolau, em Penha, houve a colisão, e a tentativa de fuga do caminhão se estendeu por 32km, e só foi abortada em Itapema, quando ele teve de parar o seu veículo, ainda com a moto presa nas ferragens do motor.

A cena foi filmada por vários outros motoristas durante o trajeto. Inicialmente, a Polícia Rodoviária Federal informou que o motorista do caminhão, um semirreboque, não prestou socorro à vítima. Outro vídeo, surgido um dia depois, mostra o caminhoneiro totalmente alterado numa espécie de “festa” dentro da própria cabine, ao dirigir.