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Pescador que capturou suposto tubarão em Balneário Piçarras contraria análise do Museu Oceanográfico

Ele confirma se tratar de cação bucho branco


12 de abril de 2021 por
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Encontrado nas redes de pesca tarrafeadas nas proximidades da beira mar norte de Balneário Piçarras, o suposto tubarão que ganhou manchetes da imprensa pelo porte e forma com que o registro fotográfico circulou nas redes sociais e grupos de Whats App foi capturado pelo pescador Jair, que cultiva a prática de tarrafa há anos na região.

Seu Jair esclareceu que o suposto tubarão repercutiu de maneira enganosa, porque o pessoal que acompanhou divulgou como se ele tivesse sido abandonado ou estivesse com feridas. Segundo o pescador, trata-se de um cação bucho branco que foi usado para consumo próprio e possui cerca de 5 quilos contrariando a análise preliminar do professor Jules soto, curador do Museu Oceanográfico que afirmou ser um tubarão da espécie galha preta, repercutido em outras edições do Radar Marzul.

Recentemente um artigo publicado na revista científica Marine Policy, de autoria de cinco pesquisadores brasileiros, mapeou o consumo da carne de tubarão no Brasil e procuram alertar para os riscos ambientais que esse costume implica.

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O comércio e o consumo de carne de tubarão no Brasil não são proibidos. Mas existem algumas regras, como leis que proíbem a captura de espécies ameaçadas e o descarte da carcaça. Esta última tem o objetivo de permitir a identificação da espécie e também de evitar a prática do finning (que é o corte das nadadeiras do animal e devolução do corpo ao mar). Só que muitos não cumprem as regras e quase sempre a carne é limpa ainda na embarcação, chegando à costa já em forma de postas e filés para serem comercializadas.

O profissional destacou que não utiliza a rede para caça de animais do porte de tubarão, mas os fios grossos da tarrafa podem capturar robalos de médio a grande porte e, por isso, acabam prendendo, por vezes, animais como esse. Ele já fez doações de espécies para o Museu Oceanográfico de Balneário Piçarras e também entrega espécies vivas ou mortas para a análise dos biólogos e devolve ao mar os animais em extinção.

De acordo com o Instituto de Biologia Marinha Bióicos, Cação é apenas o nome genérico e comercial para peixes de diferentes espécies de elasmobrânquios (subclasse dos peixes cartilaginosos, à qual pertencem os tubarões e raias), cuja carne é muito consumida sem que a maioria das pessoas sequer saiba de qual animal se trata.

Contudo, a identificação dos animais é muito importante, pois, como já dito, cação é um termo genérico para uma infinidade de espécies de tubarões e, inclusive, de raias. O cação é considerado por alguns especialistas como uma “salsicha do mar”, pois pode ter todo tipo de origem. E isso não faz bem ao meio ambiente, segundou apontou estudo em que 40%  das espécies vendidas como cação estão em risco de extinção.

Segundo um dos autores do estudo mencionado anteriormente, em declaração para o site da Universidade Federal do Paraná, “basicamente, ‘o que cai na rede é peixe’ no Brasil e, depois, acaba vendido com o nome de ‘cação’”. E é aí que mora o problema, já que, no nosso país, 33% das 145 espécies de elasmobrânquios estão ameaçadas de extinção (superando a taxa global de 25%). Ou seja, ao comer cação, você pode estar contribuindo para a diminuição da população de espécies como tubarão-martelo, cação-anjo e raia-viola, todas ameaçadas! Mas há ainda outro motivo para não comer carne de cação, não só daqueles ameaçados de extinção.

Como já dito, eles estão no topo da cadeia alimentar. Dessa forma, ocorre a biomagnificação, processo que consiste no acúmulo progressivo de substâncias ao longo da cadeia alimentar. Ao se alimentar de presas que agregaram substâncias em pequenas quantidades, os elasmobrânquios as acumulam em maiores quantidades. E o mesmo ocorre conosco quando nos alimentamos desses peixes: as substâncias se acumulam ainda mais em nossos corpos. Algumas delas são metais pesados, como mercúrio e arsênio, que, se ingeridas em quantidades elevadas, podem causar danos cerebrais. Isso, inclusive, é um dos motivos para que muitos países rejeitem a carne de cação e organizações não recomendem seu consumo por mulheres grávidas, lactantes e crianças.

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