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Cacá Fagundes detalha técnicas de “tulhar” e de “engodo”, usadas para a pesca de tainha em Barra Velha

Cacá, historiador, escritor e também pescador, reforça a importância da tradição da captura da tainha tanto no Costão dos Náufragos como na Praia do Grant, e relembra técnicas antigas até hoje adotadas por pescadores artesanais.


28 de junho de 2021 por
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O professor e pesquisador Cacá Fagundes detalhou uma das mais belas e pitorescas tradições barra-velhenses em sua página do Facebook: a expectativa da comunidade e o processo da captura da tainha pelos pescadores artesanais dos dois portos locais – do Costão dos Náufragos e também da Praia do Grant, em Itajuba.

Cacá reforçou que para os barra-velhenses,  a pesca da tainha não é meramente atividade sazonal restrita aos meses de inverno: é pela força da tradição, uma manifestação da cultura local. “Todos os anos, nessa época (maio, junho), a nossa gente fica tão empolgada para degustar uma saborosa tainha”, pontuou o professor. “Nas ruas, nas vielas, por toda a parte o cheiro forte é peculiar: é tainha frita é tainha assada, até as vísceras são aproveitadas”, completou ele.

O cardápio, segundo lembra o Cacá, que também é  adepto da pesca submarina, gera renda, aproxima as pessoas e estimula uma boa prosa. “O ciclo da pesca da tainha inicia no outono, quando o peixe adulto começa a abandonar o estuário da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, e inicia sua migração reprodutiva ao longo da costa, em direção ao norte, sempre estimulado pelas quedas bruscas de temperatura”, detalha.

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No entendimento do caboclo local, este ciclo é extremamente importante, pois o peixe é criado no lodo e quando sai da lagoa e atinge o oceano, vem se limpando e quando chega em Santa Catarina, já está no ponto para ser consumido. Em quase toda orla catarinense, a pesca tradicional de tainhas se vale da técnica do arrastão, em que os homens se posicionam em locais específicos na beira de praia, esperando o momento certo para dar o lance (ou lanço, como também é chamado).

Em Barra Velha, esta modalidade praticamente desapareceu. Cacá lembra que ela foi substituída pela técnica de “trulhar”, ou seja, o cerco já acontece nos costões, nas lages e arrecifes, onde os cardumes estão concentrados.

 À noite, ao longo da costa, pescadores profissionais e amadores se valem de suas tarrafas para capturar o peixe gorduroso. E entre os ribeirinhos do Rio Itapocu ainda se observa a “pesca com engodo”, em que os cardumes de tainhas são atraídos com massa de pão. Confira a seguir, em áudio, a pesquisa do professor Cacá e a fala de um dos pescadores tradicionais – Ozair da Silva, filho do também popular Afonso Pescador.

Cacá (à esquerda), com o irmão Anselmo, durante pesca submarina em Balneário Piçarras. Cacá é escritor e historiador, e pescador amador. Foto Divulgação.
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