Um vídeo da deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) viralizou após ela comparar os registros de carteira de trabalho de moradores de Santa Catarina com o número de beneficiários do programa Bolsa Família do Estado do Maranhão.

Em tom de deboche, a parlamentar disse que seu estado, ao contrário do Maranhão “tem mais gente com carteira assinada do que no Bolsa Família”.

A fala ocorreu durante sessão da Câmara que discutia na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania a possibilidade de os estados legislarem sobre porte de arma.

Atualmente, Santa Catarina tem 231 mil beneficiários do Bolsa Família, concentrados principalmente nas cidades de Joinville, Florianópolis, Lages, São José e Blumenau.

Apesar de trazer à tona a discussão sobre carteira de trabalho, o LinkedIn da deputada federal não apresenta experiências empregatícias regidas pela CLT.

No governo de Jair Bolsonaro, ela foi coordenadora na Embratur e anteriormente advogada autônoma. A trajetória profissional anterior, segundo a própria deputada elencou nas redes, envolveu uma sociedade em empresa de suco e a assessoria parlamentar no gabinete do primo, Ricardo Guidi, então no PSD e atualmente deputado federal licenciado.

Zanatta também foi assessora especial do Tribunal de Contas de Santa Catarina e teve passagens por diferentes órgãos do governo do estado de 2007 a 2013, nos mandatos do MDB e do PSD. As experiências são em funções comissionadas, de cargo de confiança, sem concurso público.

Segundo o portal da transparência do governo de SC, em março de 2013, ela recebia R$ 3.880,28 para atuar no governo de Raimundo Colombo (PSD).

Hoje, o salário da deputada federal é de R$ 44.008,52, quase 20 vezes maior do que a renda média dos catarinenses em 2023 e 65 vezes maior do que o valor recebido pelos beneficiários do Bolsa Família no estado.

Na Câmara, o trabalho da parlamentar em 2024 tem apenas um projeto de lei exclusivamente de sua autoria em tramitação. Já em 2023, um dos projetos de lei protocolados por Zanatta foi para instituir o Dia Nacional dos Tricologistas, Terapeutas Capilares e Terapeutas dos Cílios. O projeto foi devolvido sem tramitar.

Uma das assessorias de comunicação que presta serviços à deputada foi consultada para que confirmassem os dados do currículo do LinkedIn. Também foi solicitada cópia da carteira de trabalho da deputada. Até o momento não houve resposta. (Por Amanda Miranda — Newsletter Passando a Limpo).